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As vias aéreas

No atendimento emergencial, independentemente de ser traumatizado ou não, a primeira parte do exame é obrigatoriamente das vias aéreas. Geralmente as vias aéreas são negligenciadas nos nossos pacientes.

Mas por que é importante? Pois todo paciente emergencial tem algum grau de hipoxemia (lembre-se de que felinos são mais sensíveis a ela) e hipercapnia e, manejando de forma correta já se inicia o tratamento da hipoxemia e também diminui o trabalho ventilatório e do miocárdio.

Dentre as manobras estão permear as vias aéreas e oxigenar e para isso há 3 tipos de manejo: básico, avançado e cirúrgico. 

No manejo básico estão as manobras mais simples que visam permear a via aérea através da desobstrução, retirando secreções/corpos estranhos com auxílio de  aspiração ou com uso de pinça + gaze (manobra de gancho) o qual pode ser realizada também com o dedo. A oxigenação é realizada com diferentes técnicas, tal como, fluxo direcionado, máscara, método de Crowe (colar elizabetano), bolsa e câmara e catéter nasal. É importante que a seleção do método de oxigenação seja baseado no conforto do paciente, sempre.

O manejo avançado consiste na intubação e tem como indicações: apnéia, sofrimento respiratório importante, perda de consciência, trauma cranioencefálico e/ou toracopulmonar grave e trauma grave das vias aéreas craniais. A intubação além de permitir oxigenação eficiente e manter a via aérea protegida e pérvea, pode ser uma via alternativa para administração de fármacos.

O manejo cirúrgico está indicado quando há fracasso no manejo avançado e em traumas graves da via aérea cranial. No manejo cirúrgico tem-se 4 técnicas: punção cricotireióide, intubação retrógrada, cricotireoideotomia e a traqueostomia. A escolha da técnica varia de acordo com apresentação, mas a priori deve-se tentar técnicas mais simples deixando a traqueostomia como última opção.

Ref.: QUINTANA, A.L.; MELE, E. Procedimientos en A y B. ABC Trauma LAVECCS. 2010. 

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