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Monitorando o Paciente: Pressão Arterial

A pressão arterial (PA) é o produto do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Pressão sistólica (PS) é a pressão exercida pelo sangue como resultado da contração do ventrículo esquerdo. Pressão diastólica (PD) é a pressão exercida pelo sangue dentro da veia quando o ventrículo está em repouso. A diferença entre a pressão sistólica e diastólica é a pressão de pulso (PP). Pressão arterial média (PAM) é a pressão diastólica mais um terço da pressão de pulso, ou seja, PAM = PD + (PP/3). Qualquer fator que altere o débito cardíaco ou a resistência vascular periférica alterará a pressão sanguínea.

A pressão sanguínea pode ser mensurada tanto por método direto ou indireto. A mensuração da pressão arterial por método direto (invasivo) requer a inserção de um catéter em um artéria e conectar  a um transdutor ligado a um monitor. A pressão arterial direta é demonstrada em forma de curva oscilométrica, cujo o ponto mais alto representa a pressão sistólica e o ponto mais baixo da curva representa a pressão diastólica. Esse tipo de mensuração gera os valores mais precisos, porém exige equipamentos mais caros. Pode ser necessário acesso através de dissecção da artéria para colocação do catéter, principalmente em paciente obesos e/ou hipotensos. A mensuração da pressão arterial por método indireto (não invasivo), menos preciso, porém obtido de maneira mais fácil utilizando equipamentos mais acessíveis. Manguito é colocado ao redor da porção distal do membro ou cauda. Os métodos mais comuns usados na medicina veterinária são o Doppler e o oscilométrico.

A mensuração oscilométrica envolve o uso de um microprocessador e manguitos que determina as pressões sistólicas e diastólicas pela detecção das oscilações do vaso sanguíneo conforme o manguito é automaticamente inflado e desinflado. O tamanho ideal do manguito é de 40 a 60% da circunferência do membro a ser utilizado. É importante, enquanto fazer as mesuração tirar 5 medidas, descartando a maior e a menor e tirando a média das 3 restantes.

A mensuração pelo Doppler utiliza uma probe que emite sinais ultrassônicos e detecta esses sinais quando eles refletem do movimento da fluxo de sangue dentro do vaso e os convertem em sinais sonoros. A probe é lubrificada com gel para ultrassom e segurada na pele tricotomizada sobre a artéria. A probe é ligada a um amplificador, o qual produz o som do sangue se movendo no vaso. O esfigmomanômetro é fixado proximalmente ao membro. A escolha do manguito segue a mesma regra da utilizada na mensuração pelo método oscilométrico. O maguito é inflado até que não se ouça mais nenhum som. A válvula do manômetro é gradualmente aberta para permitir que o maguito se esvazie lentamente. O ponto em que é ouvido sibilo pela primeira vez é a pressão sistólica. O ponto onde ocorre alteração da caracterísca som, para um som mais contínuo, mais duradouro, é aproximadamente a pressão diastólica.

A pressão sistêmica deve estar acima de 100 mmHg e abaixo de 150mmHg. PS abaixo de 80 mmHg já corresponde a uma diminuição significativa e quando abaixo 60 mmHg pode estar associado a baixa perfusão renal e oligúria. A circulação é comprometida quando a PS cai abaixo de 50 mmHg e com isquemia cerebral acontencendo quando a PS está abaixo de 30-35 mmHg por 2 horas. A perfusão coronariana é mantida adequadamente com a PS acima de 70 mmHg. Hipertensão com pressões sistólicas acima de 200 mmHg pode estar associado a estágio hiperdinâmico do choque, produção excessiva de produção de renina, doença renal crônica e estimulação excessiva simpática.

Ref.: Angel Rivera. Blood Pressure. Disponível em: http://www.animalemergencycenter.com/education.html

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