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E o felino na emergência? Abordagem.

Os gatos apresentam uma série de características que os tornam únicos: seu comportamento, presença de infecções virais que geram resposta secundária distinta, metabolismo particular de alguns fármacos e, em especial, sua resposta frente ao estresse.

Achados clínicos no felinos em choque:

  • FC normal ou bradicardia
  • Hipotermia grave
  • Pulso fraco ou não palpável
  • Depressão mental
  • Mucosas pálidas
  • TPC aumentado
  • Hipotensão
A abordagem inicial do felino traumatizado deve ser realizado em ambiente fechado para reduzir ao máximo o estresse do paciente. Durante o atendimento emergencial o ABC deve ser respeitado.

Na avaliação das vias aéreas, deve-se buscar sinais de obstrução, proporcionar oxigênio e verificar o nível de consciência para avaliar a necessidade de intubação endotraqueal. Na avaliação de B (boa respiração - breathing), deve auscultar e percurtir o tórax cuidadosamente para detectar a presença de contusão pulmonar, pneumotórax, hemotórax, etc.. Se existe suspeita de alguma patologia de ocupação do espaço pleural, não deve ser realizado estudo radiográfico, sendo que esse procedimento poderá resultar em grande estresse, sendo melhor realizar a toracocentese. A abordagem das vias aéreas e da respiração é muito importante no felino, pois ele além de apresentar uma baixa complacência pulmonar ainda são mais sensíveis a hipoxemia.

Na avaliação do sistema cardiovascular, deve-se avaliar a FC e ritmo, pressão arterial, TPC, frequência e qualidade do pulso femoral. O felino em estado crítico, apresenta-se comumente em bradicardia (podendo estar com a FC normal) e isso se deve a hipoercalemia, hipoglicemia, hipotensão ou sepse. Nos gatos, os barorreceptores estimulam simultaneamente fibras vagais além de fibras adrenérgicas; como resposta tem-se a frequência cardíaca normal ou baixa. Não se observa resposta compensatória de taquicardia e aumento da contratilidade como nos cães. A hipotermia bloqueia a capacidade vasoconstritora geradas pelas catecolaminas, impedindo adequada resposta a fluidoterapia e predispondo a formação de edema pulmonar. Vale ressaltar também que o felino não realiza contração esplênica e possui somente 5-6% do peso vivo em volume sanguíneo, portanto o torna uma paciente muito mais crítico em caso de perda sanguínea.

Nos felinos existem 3 determinantes da gravidade do choque, ou a tríade da morte nos felinos, que é hipotermia, hipotensão e bradicardia.

É muito importante o conhecimento dessa variáveis que diferenciam o felino do cão para que possamos prestar um atendimento emergencial que possa maximizar a sobrevivência desses pacientes.

Ref:  TELLO, L.H. O paciente felino na emergência. IN:_____. Trauma em cães e gatos. Medvep Livros: São Paulo, 209-216. 2008.

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